Maria, porto seguro da fé, não poderia ser esquecida no Sacrifico da Santa Missa, pois ela esteve aos pés da cruz e lá também sofreu as dores em favor da humanidade pela participação no sofrimento de seu amado filho. Em Maria está o exemplo de como ser um verdadeiro discípulo missionário, em várias citações bíblicas ela esteve presente como àquela que ouve e se atenta aos ensinamentos de seu mestre, “sangue do seu sangue”. Maria, geradora do gerador de todas as coisas, primeiro sacrário da humanidade e a primeira a comungar o próprio Deus. Por tais méritos, ela não poderia deixar de participar da súplica da Igreja pela salvação de seus membros, pois sendo mãe, conhece bem o seu dileto filho, e melhor nos pode recomendar a Ele.
Durante a Oração Eucarística II, no momento das intercessões em favor de todo o povo de Deus, menciona-se o pedido de participar da promessa feita a nossos pais na fé, participar da vida eterna. E ainda mais, a Igreja acrescenta “junto da bem aventurada Virgem Maria”. A presença de Maria nas Orações Eucarísticas remete ao culto prestado a sua dignidade de mãe do filho de Deus e de sua presença aos pés da cruz, uma vez que o sacrifício da Santa Missa é o mesmo sacrifício do Calvário. Lembro aqui uma das palavras que Santo Padre Pio disse sobre como devemos participar da Santa Missa, “agir como Maria aos pés da cruz e o discípulo amado, João”.
“Participar com Maria na vida eterna” significa assumir em vida, no hoje e no agora, o mesmo compromisso de seguir a vontade de Deus pelo bem e salvação de seu povo. Maria quando disse sim jamais pensou somente em si, mas trouxe em seu coração as promessas de salvação pelo cumprimento da vontade de Deus através da vinda de seu filho, o Nosso Redentor.
Estar com Maria na vida eterna, junto com os Santos de Deus, é assumir o verdadeiro louvor das criaturas ao seu criador pela sua bondade sem limites e sua palavra que não passa sem fazer o efeito necessário. Maria na sua peregrinação terrestre ouviu essa palavra, assumiu e deu testemunho, pois essa palavra era Ele mesmo, o nosso salvador feito homem. Vida eterna com Maria é, portanto a plenitude da vida cristã, e gozar da alegria de ter sido fiel a Deus e a sua palavra. Na vida eterna a contemplação e glorificação de Deus é o ato máximo da perfeição de sua criatura onde ela se preenche ao estar com seu criador. Em Maria contém o exemplo da perfeição das criaturas pelo fato de acreditar até o fim na palavra de Deus e no seu agir que não se divergem. Maria é aquela que amou a Deus em vida e o ama mais intensamente no céu, permanece em constante súplica pelos peregrinos na terra e por isso a Igreja militante a aclama com o desejo de “estar junto dela na vida eterna”.
Durante a Oração Eucarística III existe a súplica a Deus para que sejamos uma “oferenda perfeita” e assim alcançar a vida eterna com Maria e os Santos. Ser uma oferenda perfeita significa ter o mesmo desejo de assumir a vontade do Criador em favor de sua criatura a exemplo de Maria e dos Santos que em vida O amaram sem fim. A vida de Maria foi uma oferta de louvor a Deus, a vida dos santos foram sacrifícios agradáveis ao criador e são para nós sublime exemplo de seguimento. Cada Santo com um chamado diferente, uma vocação única e singular. Isso significa que compreenderam sua existência e alcançaram o sentido de seguir a vontade de Deus em suas vidas. Ser uma oferenda perfeita é dar ouvidos ao chamado que Deus faz a cada um em sua unicidade. Vocação aqui é entendida como “oferenda agradável a Deus”. Qual a vontade de Deus em nossas vidas? O que Ele quer de nós? Maria soube dar ouvidos a essa voz, entendeu sua vocação, deu respostas a esses questionamentos que todos um dia se defrontam e por isso se tornou uma oferenda perfeita.
Nas Orações Eucarísticas IV e V as súplicas são pela participação na vida eterna junto de Maria Santíssima a exemplo do que meditamos anteriormente, salvo a Oração Eucarística IV que antes da aclamação “Santo, Santo, Santo” Maria é venerada como virgem, "Virgem Maria” da qual nasceu o “verdadeiro homem” que não provou o pecado, viveu as condições humanas e aos pobres anunciou a salvação. Maria é a mãe do “verdadeiro homem”, ela é a “Virgem” pura e sem máculas pelo seu santíssimo filho, pois não há como o puro nascer do impuro, e por essa razão, fora preservada da herança pecado original e assumiu tal dignidade de “Mãe de Deus” através da vontade do próprio Deus. Jesus o Verdadeiro Homem para a salvação do gênero humano e Maria, a virgem pela pureza de seu filho, Nosso Salvador e Redentor, e exemplo do seguimento da vontade de Deus conforme nossa vocação específica e única.
Por fim, a Igreja é a barca de São Pedro que navega os mares denominados séculos e é guiada por uma estrela chamada Maria, a Stella Maris (estrela do mar). Olhar para essa estrela que guia é entender que lá está a segura orientação para uma vida cristã autêntica e eficaz. Maria é a luz que brilha em meio as trevas da falta de fé e é o porto seguro para ancoragem da fé, pois viveu intensamente o seguimento do Mestre Jesus Cristo, seu próprio filho. Tais considerações e muitas outras levam a Igreja a jamais se esquecer de tal porto seguro da fé que é Maria, e sobretudo durante a Santa Missa, Sacrifício do Calvário, mencionar o desejo de participar com ela das promessas da vida eterna. Certamente Maria olha por todos os que vivem a fé e tem esse mesmo desejo de um dia estar com ela nos céus. Não seria exagero e nem erro dizer “quem me dera poder estar agora nos céus com Maria e os Santos”, pois em tal desejo devemos sustentar nossa peregrinação terrestre e assim conseguir essa graça da plenitude da criatura junto do seu criador.
Que a Celebração da Eucaristia seja um constante olhar para o exemplo de Maria, que sendo Mãe soube amar e entender a vontade de seu Filho e mais perfeitamente servi-Lo com a doação da sua vida e participação no sofrimento do alto da cruz, a Missa de sempre.
Por Allan Felipe
Nenhum comentário:
Postar um comentário