segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A liturgia dos sacramentos e a vida cristã


O centro de toda a vida cristã está na Eucaristia e na celebração dos Sacramentos. O Concílio Vaticano II (cvII), na constituição Sacrosanctum Concilium, ensina que especialmente pelo sacrifício Eucarístico se opera a nossa redenção. Cristo, o enviado do Pai está presente nas ações litúrgicas da Igreja e opera na pessoa do sacerdote ordenado, se faz presença nas espécies do pão e do vinho e é ele mesmo o altar do sacrifício, “sacrifício de si mesmo”.

Sendo a Eucaristia o ato central para a vida do cristão, em nada exclui e nem diminui a importância dos demais Sacramentos da Igreja que santificam as várias circunstâncias da vida humana. Assim, a Liturgia dos Sacramentos transporta as graças divinas aos que se dispõe a recebê-las conforme orienta e instrui a santa mãe Igreja. Pode-se dizer que a Liturgia norteia toda a vida do cristão, e em cada momento específico da vida nos transmite as graças de Deus pelos gestos e ritos específicos de cada sacramento.

Não é possível ser um verdadeiro cristão sem experimentar as graças que abundam dos ritos e gestos da celebração dos Sacramentos. Neste ponto é importante olhar para cada gesto litúrgico nas celebrações específicas dos Sacramentos e suas particularidades. No rito do Batismo existem os sinais da água, do óleo, do sal e da luz que caracterizam a morte para o pecado original e o convite de adentrar na vida cristã pelo compromisso de ser sal da terra e luz do mundo conforme nos orienta o Evangelho. Tais sinais que caracterizam o Batismo denotam como deve ser a vida do cristão: uma constante morte para si mesmo e um ressurgir para Cristo, uma fuga do pecado, vigília constante e por fim um verdadeiro discípulo missionário.

O Sacramento da Confirmação coloca em evidência a ação do Espírito Santo que guia e conduz a vida da Igreja e do cristão. Por que não dizer que a celebração do Sacramento da Confirmação é participar do Pentecostes e do nascimento da Igreja que tem como missão o “ide e a todos anuncia a boa nova do Evangelho?”. A Liturgia da Confirmação trás implícita em si um caráter de questionamento, compromisso e busca provocar o efeito missionário em quem o recebe. E por isso a Igreja recomenda que seja ministrado aos jovens que na força de sua juventude busquem empenho no conhecimento do Evangelho e prática na comunidade cristã.

Tendo mencionado o Sacramento da Eucaristia acima, ressalto ainda sua importância litúrgica na perspectiva da participação dos fiéis em torno da mesa da palavra e do pão. Jesus se faz alimento pela sua palavra e nas espécies consagradas do pão e do vinho, e assim nos confirma que o alimento para a missão é Ele mesmo. É o contato e a intimidade com seu corpo e sangue que nos fortifica para o desafio de fazer sua palavra conhecida e amada entre todas as nações. A centralidade de toda a Liturgia da Eucaristia é o próprio Cristo que nos reúne e nos alimenta com sua palavra e com o seu próprio corpo e sangue.

Nós não somos perfeitos e nem temos a completa razão e domínio sobre as coisas que nos acontecem e por vezes caímos no erro, no pecado e nas omissões. Este acontecimento perdura por toda a vida humana até o término de sua peregrinação terrestre. Em nossa humanidade tão frágil, vem no nosso auxílio o Sacramento da Reconciliação. Aí está uma das mais bela e singular Liturgia: a Liturgia do perdão. Este é um momento de sinceridade, escuta verdade e sobre tudo misericórdia e muito amor. Temos o gesto do sacerdote que ouve atentamente e absolve os pecados em nome da Igreja e conforme o próprio mandamento de Jesus. Lembro aqui uma das palavras mais bonitas do Papa Francisco: “Deus não se cansa de perdoar, somos nós que muitas vezes nos esquecemos de pedir perdão”.


Essencialmente cada um de nós é chamado a viver e testemunhar o Cristo por meio de nossa vocação específica. Aqui entram os dois Sacramentos da maturidade da fé e do compromisso com os irmãos: Ordem e Matrimônio. Tais Sacramentos têm em comum a responsabilidade para com o próximo, seja ela para o conjugue ou para o povo que lhe é confiado. Tal compromisso não exclui e nem diminui os primeiros votos de fé assumidos no batismo e reafirmados pelo sacramento da confirmação. Especialmente na Liturgia do Matrimônio é feito a benção das alianças que mostram claramente este compromisso e essa responsabilidade para com seu conjugue. Durante a celebração do Sacramento da Ordem temos o rito da imposição das mãos, rito a muito prescrito na história da Igreja e que deriva desde o tempo apostólico indicando sua legitimidade e responsabilidade por serem aqueles que estarão à frente da Igreja. Fica evidente, portanto, nestas duas Liturgias um compromisso assumido e uma responsabilidade a ser exercida e que demonstram a maturidade da fé do cristão e seu compromisso com a comunidade.

Nossa peregrinação terrestre tem um objetivo: a morada eterna na casa do Pai. Tal morada já nos foi preparada e está ao nosso alcance pelos méritos de nosso Senhor e salvador Jesus Cristo. Evidente que existe uma Liturgia sacramental que nos prepara para esse encontro com o Cristo e concede forças aos nossos corpos que padecem dia a pós dia conforme a natureza. A Unção dos Enfermos não é somente um dizer que a vida já está no seu término, mas antes de tudo, diz que o Cristo nossa ressurreição está conosco em nossas angústias e dores trazidas pela doença ou mesmo pela idade avançada. A Igreja não poderia estar ausente em um momento tão singular da vida humana como este e nem poderia deixar de dar o seu conforto que é transmitida especialmente por este sacramento de esperança e força. Esta Liturgia é uma das mais bonitas e significativas, pois trás consigo a esperança na ressurreição e o conforto em Cristo após nossa jornada em vida. Temos o rito litúrgico da unção com o óleo dos enfermos que trás como sentido o balsamo que nos livra de toda dor, fraqueza e enfermidade pela ação do Espírito Santo.


Por fim, o ser humano possui várias características como a alegria e a raiva, a doença e a enfermidade, a vida jovem e a vida adulta e apresentam ainda contradições visíveis como a vida e a morte. Evidente que pode nos vir a pergunta: Quem é o homem? E ainda mais quando olhamos as várias Liturgias que circundam a vida humana podemos perguntar de maneira mais profunda: Quem é o homem para que Deus o trate assim com tanto carinho? Tal questionamento os Salmos nos apresentam e acrescenta que pouco abaixo dos anjos fomos formados. Não é meu interesse aqui responder a esta pergunta, mas convidar a olhar e refletir de maneira mais profunda este imenso amor com o qual somos amados por Deus e pelo qual se manifesta nos Sacramentos que acompanham nossas vidas desde o seu início até o término. É claro que a Liturgia nos possibilita participar desse imenso amor e nos conduz a salvação.

Como vamos olhar as várias Liturgias a partir de agora? Com qual responsabilidade vamos nos dispor para que as graças de Deus possam alcançar a vida das pessoas através da Liturgia? Que seja as nossas vidas, palavras e ações uma constante Liturgia de louvor, suplica e agradecimentos a Deus pelo dom da vida e a possibilidade de um dia contempla-Lo na glória sem fim dos céus, a Liturgia celeste.



Por Allan Felipe


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...