Ao voltar para Assis tentou voltar à vida velha, mas já não era o mesmo. Não tinha mais prazer em seus hábitos antigos e preocupava-se com os mais necessitados. Nesse período foi proclamado rei da Juventude, mas não queria mais fama, ardia em seu peito o desejo pela vida religiosa e a busca pelos tesouros celestiais.
Com 24 anos, renunciou tudo para casar-se com a senhora pobreza, conforme ele dizia. Taxado como louco e sem aprovação de sua família, saiu como peregrino a Roma, vivendo como eremita e na solidão. Ao receber a ordem do Santo Cristo na igreja de São Damião recebeu a missão “Vai restaurar minha Igreja, que está em ruínas”. Tornou-se pedreiro e consertava todas as igrejas.
Francisco com seus companheiros conquistados pelo amor pelas almas foi ao papa pedir a primeira autorização, chamada regra primitiva, que prescrevia uma pobreza absoluta. Visto sua simplicidade, lá chegando, foram humilhados e disseram "Vá pregar aos porcos". Tendo eles o feito, voltam cobertos de lama e o papa, vendo sua ousadia, aceitou sua presença após um banho, claro! Receberam assim autorização para viverem a fraternidade e cuidar dos leprosos, até que em 1223 visto aos frutos conquistados, conseguiram a aprovação solene.
Mas as coisas começaram a mudar. A partir dai muitos dos irmãos não quiseram mais viver a essência da vida franciscana: a pobreza, a castidade e obediência, e diante de grande pressão vinda da igreja e de seus irmãos, Francisco por total obediência foi obrigado a afastar-se. Ele deveria ser tão pobre que não possuiria nada, nem aquilo que foi fundador.
Retirou-se para seu lugar predileto, a Porciúncula. Deus quis muito mais na vida dele e em 1224 ele recebeu os estigmas de Cristo. Foi tentando inúmeras vezes a quebrar seus votos, relatos dizem que até sobre os espinhos se jogava para não pecar. Cuidou de seus filhos espirituais e nos ensinou o cântico das criaturas:
Altíssimo, onipotente e bom Senhor, a ti subam os louvores, a glória e a honra e todas as bênçãos! A ti somente, Altíssimo, eles são devidos, e nenhum homem é sequer digno de dizer teu nome. Louvado sejas, Senhor meu, junto com todas tuas criaturas, especialmente o senhor irmão sol, que é o dia e nos dá a luz em teu nome. Pois ele é belo e radioso com grande esplendor, e é teu símbolo, Altíssimo. Louvado sejas, Senhor meu, pela irmã lua e as estrelas, as quais formaste claras, preciosas e belas. Louvado sejas, Senhor meu, pelo irmão vento, e pelo ar, pelas nuvens e o céu claro, e por todos os tempos, pelos quais dás às tuas criaturas sustento. Louvado sejas, Senhor meu, pela irmã água, que é tão útil e humilde, e preciosa e casta. Louvado sejas, Senhor meu, pelo irmão fogo, por cujo meio a noite alumias, ele que é formoso e alegre e robusto e forte. Louvado sejas, Senhor meu, pela irmã, nossa mãe, a terra, que nos sustenta e nos governa, e dá tantos frutos e coloridas flores, e também as ervas. Louvado sejas, Senhor meu, por aqueles que perdoam por amor a ti e suportam enfermidades e atribulações. Benditos aqueles que sustentam a paz, pois serão por ti, Altíssimo, coroados. Louvado sejas, Senhor meu, por nossa irmã, a morte corpórea, da qual nenhum homem vivo pode fugir. Pobres dos que morrem em pecado mortal! e benditos quem a morte encontrar conformes à tua santíssima vontade, pois a segunda morte não lhes fará mal. Louvai todos vós e bendizei o meu Senhor, e dai-lhe graças, e o servi com grande humildade!
São Francisco de Assis morre deitado nas humildes cinzas a 3 de outubro de 1226. Passados dois anos incompletos, a 16 de julho de 1228, o Pobrezinho de Assis era canonizado pelo papa Gregório IX.
Por fim, esse apaixonado por Cristo nos mostra que podemos vencer os velhos hábito e viver num mundo como irmãos. Aquele que vivia na guerra com auxílio Divino nos ensina a ser instrumentos de paz, aquele que vivia na glória humana hoje é exemplo de que devemos dar sem a espera de recompensas.
Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor,Onde houver ofensa , que eu leve o perdão,Onde houver discórdia, que eu leve a união,Onde houver dúvida, que eu leve a fé,Onde houver erro, que eu leve a verdade,Onde houver desespero, que eu leve a esperança,Onde houver tristeza, que eu leve a alegria,Onde houver trevas, que eu leve a luz. Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado;compreender que ser compreendido,amar, que ser amado.Pois é dando que se recebe é perdoando que se é perdoadoe é morrendo que se nasce para a vida eterna...
Por Alessandra Santos
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