Desde o principio dos tempos, houve uma primeira ação por
parte de Deus Pai para que sua criação O pudesse conhecer, buscar e amar. As
principais histórias bíblicas mostram que sempre há uma iniciativa, um movimento
de Deus sobre o escolhido, para que este O pudesse ouvir, entender sua mensagem
e desempenhar a sua vontade conforme a revelação a ele confiada. Existe na
historia da salvação do gênero humano esta primeira vontade, este primeiro
movimento, esta primeira ação que parte de Deus e do seu desejo de que o
busquemos e o encontremos.
Podemos dizer, portanto, que esta ação de Deus e seu
desejo de salvação sobre os homens, é sua Liturgia, é a “Liturgia do Deus Pai”. Entendemos por Liturgia as suas raízes que
estão no grego (Leitourgía) e
significam “ação ao povo” ou “ação para o povo” (Laós, povo. Érgon,
obra/ação). Por várias formas Deus Pai se manifestou a nossos antepassados e se
revelou, mostrando seus projetos de amor, tomando a frente naquilo que coube
aos seus escolhidos dar continuidade. Por meio de Moisés, Deus fez conhecer a
libertação da escravidão do Egito aos Hebreus, ação de Deus pelo seu povo. Por meio de seu filho único, Jesus Cristo, Ele fez conhecer a
redenção e a salvação a todos os que aderissem a sua palavra e exemplo de
caridade pela verdade, Deus agindo pelo
seu povo por intermédio do seu filho.
Em Jesus nos
foi revelado o jeito de ser de Deus Pai.
Paixão, morte e ressurreição formam a plenitude da Liturgia de Deus, são a
centralidade de toda a obra salvífica e expressão da forma com o qual somos
amados e convidados a participar deste mesmo amor que salva. O jeito de ser de
Deus Pai nada mais é além do amor, amor pela sua criação. A Liturgia do Pai oferece o Filho, que assume a vontade do Pai em favor de todo o seu povo
eleito possibilitando a salvação. Passamos assim da escravidão do pecado para a
liberdade de filhos e filhas reconciliados com Deus, sendo o grande mediador
Jesus Cristo, o perfeito “Liturgo do Pai”.
Paixão, morte e ressurreição de Jesus dão todo sentido à
ação de Deus na história de seu povo. Assim, Liturgia é a celebração do
mistério pascal do cordeiro imolado, é tornar célebre a ação de Deus em favor
do seu povo e participar de suas promessas, nos unindo àqueles que viveram no
passado essa mesma promessa, e também com todos os que conosco vivem hoje esse
tempo de oportuna graça e com muitos dos que se alegrarão com o cumprimento e a
instauração da nova Jerusalém celeste.
Cristo está presente na sua Igreja, sobretudo
nas ações litúrgicas, pois o Pai é quem está constantemente em favor do seu
povo muito amado. Portanto somos todos chamados a celebrar a Liturgia de Deus Pai
que oferece seu filho muito querido em favor de seu povo eleito, e celebrar o
mistério pascal do cordeiro implica em atitude cristã da maturidade da fé e
consciência da responsabilidade de ir a todos os povos e fazer discípulos
missionários. Não existe catequese mais
profunda que uma Liturgia bem celebrada, possibilitando assim o louvor a
Deus e a santificação do homem.
Por fim, não há melhor maneira de entender a Liturgia de
Deus Pai sem olhar para o desejo do Deus filho em seguir a vontade de quem O
enviou. O constante olhar sobre a vida, ensinamentos, ações, Paixão, morte e
ressurreição de Jesus, formam o melhor caminho para o entendimento desta Liturgia
que acontece desde a criação do universo.
Somos todos nós o povo muito amado por Deus, e para nós foram criados os
céus, a terra e tudo o que ela encerra. A natureza também é uma das formas mais
bonitas de observar a Liturgia de Deus Pai favorecendo a sua criação e dando
condições para sua sustentação. Toda a ação de Deus Pai em favor do seu povo é
sua Liturgia, é seu jeito de amar, é seu desejo de nossa salvação. Tornemos
célebre a Liturgia de Deus Pai com nossas vidas, pois a morte de Jesus no alto
da cruz foi a ação litúrgica que possibilitou a nossa salvação.
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