quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A Liturgia do Deus Pai





Desde o principio dos tempos, houve uma primeira ação por parte de Deus Pai para que sua criação O pudesse conhecer, buscar e amar. As principais histórias bíblicas mostram que sempre há uma iniciativa, um movimento de Deus sobre o escolhido, para que este O pudesse ouvir, entender sua mensagem e desempenhar a sua vontade conforme a revelação a ele confiada. Existe na historia da salvação do gênero humano esta primeira vontade, este primeiro movimento, esta primeira ação que parte de Deus e do seu desejo de que o busquemos e o encontremos.
Podemos dizer, portanto, que esta ação de Deus e seu desejo de salvação sobre os homens, é sua Liturgia, é a “Liturgia do Deus Pai”. Entendemos por Liturgia as suas raízes que estão no grego (Leitourgía) e significam “ação ao povo” ou “ação para o povo” (Laós, povo. Érgon, obra/ação). Por várias formas Deus Pai se manifestou a nossos antepassados e se revelou, mostrando seus projetos de amor, tomando a frente naquilo que coube aos seus escolhidos dar continuidade. Por meio de Moisés, Deus fez conhecer a libertação da escravidão do Egito aos Hebreus, ação de Deus pelo seu povo. Por meio de seu filho único, Jesus Cristo, Ele fez conhecer a redenção e a salvação a todos os que aderissem a sua palavra e exemplo de caridade pela verdade, Deus agindo pelo seu povo por intermédio do seu filho.
Em Jesus nos foi revelado o jeito de ser de Deus Pai. Paixão, morte e ressurreição formam a plenitude da Liturgia de Deus, são a centralidade de toda a obra salvífica e expressão da forma com o qual somos amados e convidados a participar deste mesmo amor que salva. O jeito de ser de Deus Pai nada mais é além do amor, amor pela sua criação. A Liturgia do Pai oferece o Filho, que assume a vontade do Pai em favor de todo o seu povo eleito possibilitando a salvação. Passamos assim da escravidão do pecado para a liberdade de filhos e filhas reconciliados com Deus, sendo o grande mediador Jesus Cristo, o perfeito “Liturgo do Pai”.
Paixão, morte e ressurreição de Jesus dão todo sentido à ação de Deus na história de seu povo. Assim, Liturgia é a celebração do mistério pascal do cordeiro imolado, é tornar célebre a ação de Deus em favor do seu povo e participar de suas promessas, nos unindo àqueles que viveram no passado essa mesma promessa, e também com todos os que conosco vivem hoje esse tempo de oportuna graça e com muitos dos que se alegrarão com o cumprimento e a instauração da nova Jerusalém celeste.

           Cristo está presente na sua Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas, pois o Pai é quem está constantemente em favor do seu povo muito amado. Portanto somos todos chamados a celebrar a Liturgia de Deus Pai que oferece seu filho muito querido em favor de seu povo eleito, e celebrar o mistério pascal do cordeiro implica em atitude cristã da maturidade da fé e consciência da responsabilidade de ir a todos os povos e fazer discípulos missionários. Não existe catequese mais profunda que uma Liturgia bem celebrada, possibilitando assim o louvor a Deus e a santificação do homem.
Por fim, não há melhor maneira de entender a Liturgia de Deus Pai sem olhar para o desejo do Deus filho em seguir a vontade de quem O enviou. O constante olhar sobre a vida, ensinamentos, ações, Paixão, morte e ressurreição de Jesus, formam o melhor caminho para o entendimento desta Liturgia que acontece desde a criação do universo.  Somos todos nós o povo muito amado por Deus, e para nós foram criados os céus, a terra e tudo o que ela encerra. A natureza também é uma das formas mais bonitas de observar a Liturgia de Deus Pai favorecendo a sua criação e dando condições para sua sustentação. Toda a ação de Deus Pai em favor do seu povo é sua Liturgia, é seu jeito de amar, é seu desejo de nossa salvação. Tornemos célebre a Liturgia de Deus Pai com nossas vidas, pois a morte de Jesus no alto da cruz foi a ação litúrgica que possibilitou a nossa salvação.  

 





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