segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A importância da Fé nos dias de hoje


“Se tiverdes uma fé comparável a um grão de mostarda, direis a este monte: Muda-te daqui para acolá, e ele há de mudar-se. E nada vos será impossível” (Mt 17, 20)

Antes de falarmos sobre fé, alguns questionamentos para refletirmos sobre o tema...



Para o que você veio ao mundo? Por que estamos no mundo? O que você quer para você neste mundo?

O Catecismo da Igreja Católica nos traz algumas respostas:

“Estamos no mundo para conhecer e amar a Deus, fazer o bem segundo a Sua vontade e um dia ir para o Céu. Ser pessoa humana significa vir de Deus e ir para Deus. Nós vimos de Deus, do qual provém toda a felicidade do Céu e da Terra. Entretanto, vivemos no mundo. De vez em quando, sentimos a proximidade de nosso Criador, frequentemente não sentimos nada”.

Mas se viemos de Deus, para que e por que Deus nos criou?

O Catecismo nos diz: “Quando uma pessoa ama, o seu coração transborda. Ela deseja partilhar a alegria com os outros. Nisso ela parece-se com o seu Criador. Embora Deus seja um mistério, podemos pensá-lO de um modo humano e dizer: Ele nos criou-nos a partir do “excesso” do Seu amor. Ele queria partilhar a Sua infinita alegria conosco, criaturas de Seu amor”.

Mas existem pessoas que não acreditam em Deus...

Existem pessoas que não acreditam em Deus. Existem também aquelas que acreditam na existência de um Ser Supremo, porém, afirmam não ter fé neste ser superior. Existem ainda aquelas que creem, porém, afirmam não seguir nenhuma religião.

...E neste emaranhado de possibilidades, nos defrontamos com mais algumas questões...
Quem é Deus?
Eu posso descobrir a existência de Deus?
O que ter fé?
O que é religião?

Quando tratamos sobre Deus, fé e religião, muitas dúvidas e questionamentos nos surgem. Entretanto, isto é algo absolutamente natural, pois, nós, seres humanos, somos seres limitados e, não só em questões relativas a Deus, mas em qualquer assunto que supere nossa realidade humana, surgirão dúvidas, incertezas e, sobretudo, as desconfianças.

Mas o que dizem por aí sobre Deus, fé, religião?

A palavra religião, em sua etimologia, pode denotar três possibilidades: religare (estabelecer elo), religere (respeitar, reparar de modo especial), reeligere (reeleger). Mas será somente isto?


“Para Santa Catarina de Sena, é Cristo o Pontífice que estabeleceu com seu sacrifício na Cruz a ponte entre Deus e o homem, refazendo o elo, a religação, a religião entre Deus e o homem decaído e redimido. Catarina, santa, mística e doutora, sem apegar-se a etimologias, adota o conceito ligado à primeira possibilidade apresentada”.

A “religião” pode ser também considerada “um sistema individual de crenças e de ações habituais que tem por objeto Deus”. Igualmente “religião” pode corresponder “as estruturas sociais e históricas do fenômeno religioso”.


Analisando visões psicológicas sobre o tema, vemos em Freud a religião como uma “neurose obsessiva”. Segundo Freud, a religião é responsável por grandes males na humanidade. Entre eles, está a imaturidade. Para Freud, na religião os homens são mantidos imaturos, pois as crianças, quando se sentem desamparadas e com medo, buscam nos pais abrigo e proteção, como ocorre nas religiões, e deles esperam amparo e cuidado. Elas ainda não são responsáveis por si próprias, mas são conduzidas. Mas, o que nos primeiros anos de vida é natural, bom e necessário, não deveria permanecer quando as pessoas se tornam adultas. Elas devem poder libertar-se dos progenitores e tornarem-se autônomas, se não quiserem falhar em sua vida, o que segundo Freud, não ocorre nas pessoas religiosas.

Muitos também instituem como sua “religião” seu trabalho, seu hobby... Como vemos por aí “A Bíblia” disso, “A Bíblia” daquilo... E muitos também afirmam que a fé seria apenas um simples crer, acreditar em algo...Mas, para nós cristãos, Fé está e vai muito além disso! Fé é conhecimento e confiança!


O Catecismo nos apresenta sete características da fé:


  1. A fé é uma pura dádiva de Deus, que nós obtemos se intensamente a pedirmos
  2. A fé é a força sobrenatural de que necessariamente precisamos para alcançarmos a salvação
  3. A fé requer a vontade livre e a lucidez do ser humano quando ele se abandona ao convite divino
  4. A fé é absolutamente segura porque Jesus o garante
  5. A fé é incompleta enquanto não se tornar operante no amor
  6. A fé cresce na medida em que escutamos cada vez melhor a Palavra de Deus e permanecemos com Ele, na oração, em vivo intercâmbio
  7. A fé permite-nos já a experiência do alegre antegozo do Céu.
Fé é acreditar em algo, uma força maior, acreditar em Deus. Religião é a “ponte” usada por muitos por acharem que essa é a forma de estar mais próximo de Deus. Uma pessoa pode ter fé e não ter religião. Mas é difícil ter religião e não ter fé.

A totalidade dos crentes não pode errar na fé, porque Jesus prometeu aos Seus discípulos mandar-lhes o Espirito da Verdade e conservá-los na Verdade (Jo 14, 17)

Tal como os discípulos acreditavam em Jesus de todo o coração, também nós cristãos devemos confiar em Cristo e na Igreja. A Igreja tem função educativa e não pode se calar. É certo que alguns membros da Igreja podem se enganar e até cometer erros graves, mas a Igreja, como um todo, nunca deve se desviar da Verdade de Deus.

Mas e por que cremos em um só Deus?

Cremos em um só Deus porque, segundo o testemunho da Sagrada Escritura, há um só Deus. Também, segundo um raciocínio lógico, só pode haver um, pois se houvesse dois deuses, um seria a fronteira do outro. Nenhum dos dois seria infinito, nenhum perfeito e, portanto, não seria Deus.
Há um só corpo e um só Espirito, como também uma só esperança a que fostes chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só Batismo. Há um só Deus e Pai de todos, o qual está sobre todos, por todos e em todos vós.(Efésios 4, 4-6)

Nesse Ano da Fé (2012 – 2013), instituído pelo Papa Emérito Bento XVI, somos chamados a nos debruçarmos sobre o Creio. Rezar, meditar e viver essa oração. Do ponto de vista teórico e dogmático, nossa fé está expressa nele. No entanto, nos deparamos constantemente com um sério problema: a incoerência daquilo que acreditamos com o que demonstramos na prática.

A luz de Cristo está em você? Então é preciso coloca-la à vista! Afinal... A fé sem obras é morta!
“Mostra-me a tua fé sem obras e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras”!(São Tiago, 2, 18)

Padre Reginaldo Manzotti (2011), em sua pregação sobre o “Ano da Fé” afirma: “A fé não depende de emoção, mas sim, de adesão”!

Temos de estar atentos a nossa Igreja. Há uma grande evasão de fiéis, porque estamos acomodados como Igreja e muitas vezes, nós, em nossos comodismo e individualismo não percebemos o outro. Nós, católicos, precisamos amar a nossa Igreja e nosso Papa. Precisamos manifestar publicamente a fé que abraçamos, precisamos ser apaixonados pela nossa Igreja, depositária de nossa fé.

Pe. Reginaldo pede que nos atentemos, pois, infelizmente, a superficialidade da nossa fé é tremenda. Às vezes, somos nós próprios um empecilho para o Espírito Santo e para a Igreja. Não O deixamos trabalhar em nós, e, assim, impedimos a ação de Deus em nossas vidas, nossas paróquias e até em nossas casas.

Importante nos lembrarmos de que nós colhemos o que plantamos. Nós somos o que comemos... Do mesmo modo, necessitamos nos fortalecer em nossa fé, nos alimentarmos e digerirmos a palavra Deus e teus mandamentos para que possamos viver intensamente a fé cristã em nossas vidas.

A fé não é emoção. Quantos deixam de ir à missa, porque não estão “sentindo” vontade de ir? Se você quer viver sua fé na base da emoção, você está redondamente errado. Você viverá muito mais momentos de aridez do que de consolação. Fé é encontro com o Senhor, é adesão. “Eu quero servir! Independente do que aconteça, não arrede o pé, porque você é fiel a Jesus Cristo, à comunidade e ao carisma” – Pe. Reginaldo Manzotti.

Mas voltando a Freud, ele afirmava que à medida que os frutos do conhecimento se tornam acessíveis aos homens, mais disseminado é o declínio da crença religiosa.


Os avanços científicos continuam, mas nem mesmo a própria ciência ainda não descobriu a verdadeira origem do ser humano.

A verdade é que o conhecimento, de fato, aumentou e muito. O que era o conhecimento e tecnologia no inicio do século XX, época de Sigmund Freud, e o que é hoje? No entanto, a crença religiosa entrou em declínio? Não é o que parece. Ao contrário! O início do século XXI nos traz uma profusão quase excessiva de crenças, religiosidades e ‘fés’. Até o comércio deixa isto visível, quando canais de televisão antes restritos à música ‘do mundo’ agora inserem músicas sacras em sua programação e em sua propaganda de CDs e DVDs.

E Freud errou. O conhecimento se multiplicou, mas a crença religiosa permanece viva, vigorosa, ativa. 

Mas Freud também acertou se pensarmos em outro aspecto de suas palavras. Quando o ser humano se apoia sobre o seu conhecimento e tecnologia, aí sim, começa a declinar a fé em seu coração. Os arroubos dos autos, autoestima, autogerenciamento, automotivação; a confiança no que se faz, dirige, põe no bolso ou constrói tudo isso, aos poucos, pode levar a fé à conclusão: “pra que Deus”?

Infelizmente isso acontece e é uma pena... Pois o conhecimento humano, tão frágil, limitado, imperfeito, é pouco para garantir alguma coisa. Conhecimento que se cala diante de perguntas como o início da vida; que causa barbáries como as guerras...
”Portanto, não temais as suas ameaças e não vos turbeis. Antes santificai em vossos corações Cristo, o Senhor. Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança, mas fazei-o com suavidade e respeito”(I Pedro 3,15)

Por isso, sábia é a palavra bíblica de Paulo “Vivemos pela fé, não pelo que vemos”. Sim, a fé é aquela semente invisível, plantada no coração, mas que, pela ação de Deus, cresce para nos dar sustentação e força. Fé que gera o Conhecimento pleno, forte, perfeito, capaz de sustentar nossa vida no ar, dando segurança ao voo e certeza do destino final. Tudo porque na sua cruz, Cristo garantiu esta vitória que conhecimento algum, por maior e mais amplo, pode sequer equiparar.
“Deus deseja que nós nos decidamos pela nossa felicidade, aqui já na Terra, optando livremente por Deus, amando-O acima de tudo, fazendo o bem e evitando o mal com todas as forças”.Catecismo da Igreja Católica
Mas ainda assim, muitos insistem na dúvida, na desconfiança, no ateísmo. Contudo, ao nos depararmos com nossa limitação humana veremos que existe algo acima de nosso limite... Somos limitados e isto é incontestável e a própria limitação do homem prova a existência de Deus.

“Se a existência de DEUS fosse provada racionalmente, acreditaríamos na prova e não em DEUS”.



Por Jaqueline Venâncio


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